sábado, 22 de setembro de 2012

RESULTADO DO CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO - EDIÇÃO 2012


A Comissão Organizadora do Concurso de Crônicas Laura Ferreira do Nascimento edição 2012 tem a grata satisfação de anunciar os cinco classificados que, entre 153 inscrições, conseguiram, de alguma maneira, despertar o interesse dos membros da Comissão Julgadora que, de maneira impessoal e imparcial, avaliou os textos enviados de todo o país e do exterior.

O tema “nepotismo” – escolhido durante as reuniões entre os diretores da ADPCIM (Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí/SP) e da ACULTIM (Associação de Cultura e Turismo de Maracaí) – proporcionou a elaboração de crônicas de adolescentes, jovens, adultos, idosos, professores, escritores, editores, jornalistas, mestres e doutores das mais diversas áreas.

Aos membros da Comissão Julgadora, aos diretores da ADPCIM e da ACULTIM, nosso muito obrigado.

Entre os concorrentes, cinco classificaram-se na seguinte ordem:

 

1º LUGAR

Crônica – Colar de pérolas

Pseudônimo – Maria Feitosa

Candidata: LETÍCIA MAURA CONSTANT PIRES – jornalista formada pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) em 1978. Trabalhou no “Jornal da Tarde”, no “Shopping News” e em diversas assessorias de imprensa de São Paulo. Publicou os livros “Poemas de Candeia” (1978), “Espelho Eu” (1987) e “Casa 12” (2007, pela Companhia das Letras). Cronista do site Taste, trabalha em Paris na Radio France International. Cantora e compositora com discos gravados. Pretende se apresentar em São Paulo e no Rio de Janeiro em 2013.

PARIS – Franca.

Possui endereço e conta bancária no Brasil, conforme estipulação de edital, para envio de livros e depósito de dinheiro.

 

2º LUGAR

Crônica – Em família

Pseudônimo – Alfredo Severino

Candidato: MOACIR LOPES POCONÉ NETO – Graduado em Letras pela Universidade Tiradentes em 2008. Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal de Sergipe em 1996. Professor de redação, literatura e português do ensino médio e escrivão de Justiça.

Lagarto – Sergipe.

 

3º LUGAR

Crônica – O senador

Pseudônimo: Albino do Angico

Candidato: AGLIBERTO CERQUEIRA – Publicitário graduado pelo Instituto Metodista de São Bernardo do Campo. Publicou o livro “O quá quá quá do cisne preto – um passeio ao som do rádio” (2006) e o conto “O ovo na cabeça do homem” na antologia Anjos de Prata.

Santana de Parnaíba – São Paulo.

 

 

4º LUGAR

Crônica – O protegido

Pseudônimo: Lariel Frota

CANDIDATA: MARLI RIBEIRO DE FREITAS – professora e escritora, integra antologias publicadas por editoras. É autora de “Baú de Cassandra”, obra lançada em agosto de 2011 e com a qual participou do 26º Salon International du livre et de la presse  em Genebra, na Suiça. O texto classificado baseia-se em romance ainda inédito.

São Paulo – SP

 

5º LUGAR

Crônica – Nepotismo

Pseudônimo: Eudemim Vivêncio

Candidato: RAFAEL ALVARENGA GOMES – bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor de filosofia da rede estadual do Rio de Janeiro. Escreve em jornais impressos e eletrônicos de Cabo Frio (RJ) e Armação de Búzios (RJ). Autor do livro juvenil “Dia e noite no jardim”.

Cabo Frio – Rio de Janeiro.

 

 

A Comissão Organizadora, a Comissão Julgadora, os patrocinadores ACTIVE SYSTEM e Nandex Informática (Paraguaçu Paulista – SP), os diretores da ADPCIM e da ACULTIM parabenizam os concorrentes classificados assim como todos os inscritos na segunda edição do Concurso de Crônicas Laura Ferreira do Nascimento.

 

Nos próximos dias, o presidente da Comissão Organizadora entrará em contato – ou por telefone, ou por e-mail – a fim de confirmar dados e fornecer orientações sobre a entrega dos prêmios (envio de livros e depósito bancário).

 

A todos – colaboradores, patrocinadores e concorrentes – os nossos mais entusiasmados agradecimentos.

 

Comissão Organizadora.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MOTOBOY


Por Vicentônio Silva


 

 

Equivoca-se quem pensa que a vida de motoboy é uma mamata. Acorda-se cedo, dorme-se tarde, come-se mal, torra-se no calor, tirita no frio, sem tempo de curtir os amigos, a família e os jogos de futebol, sem previdência social, sem férias, sem décimo terceiro salário, sem feriados, dias mais alegres financeiramente, outros menos extasiantes, contudo, um consenso: quem vira motoboy possui mil e uma aventuras!

 

A mais recente delas aconteceu aqui mesmo, em Presidente Prudente, quando o rapaz de dezenove anos, trabalhando há dois dias numa dessas agências, recebeu a incumbência de entregar a passageira – acabara de chegar de Campo Grande e levava incômoda bolsa de viagem – à saída para Martinópolis. Convenhamos que o trajeto – entre a rodoviária e a saída da cidade – nem é tão comprido. O motociclista, equilibrando-se como dava e limitando-se a quarenta quilômetros por hora, parou à calçada da cliente pouco menos de dez minutos depois. Domingo à tarde, cidade morta, trânsito livre.

 

Embolsaria os seis reais da corrida – e, dando sorte, mais dois ou três pelo desvelo em transportar cuidadosamente e sem reclamar a bolsa de viagem – quando a mulher, destrancando o portão e puxando a bagagem, informou que o dinheiro o esperava dentro de casa. Antes de entrar, um banho. Ele, não ela.

 

O rapaz arregalou os olhos, imaginou tratar-se de piada. Diante da exigência, incrédulo e necessitado do emprego, atravessou exatos vinte e sete quarteirões até chegar em casa, ligar o chuveiro, ensaboar-se, colocar xampu, mais uma chuveirada, enxugar-se, pentear o cabelo e, aproveitando que já estava em casa, trocar cueca, meias, sapatos e camisa.

 

Retomou os vinte e sete quarteirões, dedo no interfone. A passageira olhou-o pela câmera, abriu a porta, destrancou o portão, convidava-o a entrar na casa a fim de pegar os seis reais da corrida quando perguntou se tinha mentido: realmente tomara banho? Ele confirmou a higienização, camisa limpa, cabelo ainda molhado. Alegando a péssima qualidade do xampu e o enjôo causado pelo produto, exigiu novo banho sem xampu.

 

- Sou cliente antiga! Quando voltar, nem precisa tocar o interfone. Entre direto, sente-se e me aguarde. Sarei do banho em seguida.

 

Claramente qualquer pessoa dotada de discernimento mediano a mandaria ao quinto dos infernos, montaria na moto e aproveitaria o domingo ou aguardaria o chamado de novo cliente. Ele optou por refazer o trajeto de vinte e sete quarteirões, esfregar bem a cabeça, enxugá-la e, ainda por cima, pegar o secador da irmã.

 

De volta à rua, carro com três rapazes visivelmente embriagados avançou o sinal vermelho, rolou na curva sinuosa, subiu abruptamente na calçada, desapareceu em zigue-zague. Lembrou-se das recomendações do chefe: todo cuidado é pouco! Carro maluco, motorista embriagado? Mantenha distância.

 

Parou no posto de combustíveis, vinte reais de gasolina. Óleo da moto, água nas rodas. Retomou o trajeto e, mais uma vez, parou na frente da casa da cliente que, sem cerimônia, deixara o portão destrancado. Avançou cuidadosamente, abriu a porta da sala: dois jogos de sofá, um lustre aparentemente caro, um mini-bar com vinho, uísque, conhaque, taças pequenas, médias e grandes, balde e apanhador de gelo. Sentou-se no mais confortável, esticou as pernas na mesinha de centro, pegou o jornal ainda fechado, correu direto à página de esportes, posou de rico.

 

Agora, pensou satisfeito, entendia a exigência de dois banhos e a ordem de retirar o cheiro do xampu. Um ambiente daqueles não comportava imundos. Já nem se preocupava com o tempo gasto. Se estava limpo, que mal tomar uma taça de vinho depois de pegar seus seis reais? Ou ela exigiria que lavasse as mãos com sabonete francês, água mineral norueguesa e, por fim, álcool em gel do Marrocos? Secaria as mãos em toalhas irlandesas?

 

O telefone tocou. Retirou o aparelho do bolso: o chefe. Perguntou onde estava e, antes que explicasse o motivo da demora, cinco policiais arrombaram a porta, armas em punho. Você acha que os policiais engoliram a história dos banhos?

 

*Publicado originalmente na coluna Ficções, caderno Tem!, do Oeste Notícias (Presidente Prudente – SP) de 21 de setembro de 2012.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

COMPUTADOR


Por Vicentônio Silva


 

 

Chamou ao fim da tarde para mostrar-me o computador zero quilômetro comprado em dezessete suaves prestações sem juros, primeiro pagamento sessenta dias depois da compra. O técnico instalara a máquina. Apresentara-lhe os procedimentos de entrar nos sites de notícias, de esportes, de vinho, de pólo aquático, de companhias aéreas e de roteiros turísticos. Com o tempo, a curiosidade e a praticidade, descobriria novos endereços eletrônicos e perderia horas diárias na frente da tela, buscando informações esquecidas após minutos, desinteressando-se das atividades físicas eventualmente praticadas e largando no esquecimento as obrigações pessoais mais maçantes.

 

Sentou-se na cadeira da mesinha do computador, apontou-me um banco de cinco pernas – feito pelo filho mais velho numas aulas de marcenaria da escola técnica – e, sem receio, sorriso estampado e olhos provocativos, acionou o botão do estabilizador, apertou o da CPU, fixou os olhos no monitor. Sem sucesso, aguardamos dez ou quinze segundos. Calmamente, voltou a apertar o botão do estabilizador, o da CPU, fixou os olhos no monitor.

 

- Inferno! Gritou, levantando-se exasperadamente, dando a volta na mesinha, pesquisando os fios traseiros como se fosse capaz de detectar o problema. – Comprei essa máquina hoje. Hoje o rapazinho instalou, ligou, mostrou o funcionamento, deu-me algumas dicas. Bastou ele sair para, logo de cara, essa porcaria dar-me dores de cabeça. Mas, será possível?

 

Soltou cinco ou seis palavrões. Mais uma vez, iniciou o procedimento de apertar o botão do estabilizador e da CPU, olhando, angustiado e esperançoso, a reação do monitor. Nenhuma imagem, nenhuma manifestação, nenhuma letra.

 

- Também não pago nada. Fiz o negócio em dezessete prestações, sem juros, pagamento em sessenta dias. Quem disse que pago? Suspendeu a cadeira nova – comprada no conjunto com a mesinha – e a jogou de lado. Tentei acalmá-lo, contudo os olhos raivosos advertiram-me a distância necessária para manter-me inteiro.

 

Entrou furioso no quarto. Carnê das prestações. Pegou o telefone, trêmulo. Discou o número gratuito, explodiu de raiva, ameaçou o atendente. Do outro lado da linha, o rapaz solicitava a verificação de acoplamento dos fios entre o estabilizador e a CPU, entre a CPU e o monitor, entre o monitor e o estabilizador. Tentativas frustradas, xingamentos exasperados, técnico em quarenta e cinco minutos.

 

O técnico da empresa chegou aos trinta e três, período durante o qual sentamo-nos embaixo do abacateiro, conversamos sobre a ascensão do campeão fluminense, divergimos em torno das mudanças estruturais no trânsito urbano, recordamos os tempos em que praticávamos a travessia fluvial entre Presidente Epitácio e Bataguassu, demorando horas na água indomável...

 

Assim o técnico despontou ao portão, quis dizer poucas e boas ao menino de dezoito anos, entretanto percebeu, ainda em tempo, que ele não tinha culpa da loja adquirir computadores de péssima qualidade, provavelmente vindos da China. Amistoso, um copo de Coca-Cola ao rapaz que, sentindo-se acolhido, desculpou-se pela demora, alegando serviço no outro lado da cidade e pequeno incidente durante o trajeto: a caixa traseira da moto abrira-se, ferramentas espalhadas na rua, ninguém ferido.

 

Quando entramos, meu amigo começou a ladainha. Suspenderia o pagamento, devolveria a aparelhagem e, se já tivesse dado entrada, exigiria o dinheiro de volta. Como confiar numa máquina, primeira vez já falhava? Caso de vida ou morte, como ficaria? Perdera praticamente a tarde inteira. Desejava ainda aproveitar o início da noite para indicar-me endereços de sites interessantes, longamente pesquisados.

 

Atencioso e cortês, o técnico desculpou-se novamente pela demora e prontificou-se a, se necessário, levar reclamações diretamente ao gerente do consumidor. Deu um volta, olhou os fios.

 

- Já achou o problema? Indagou meu amigo, incrédulo.

 

O técnico pegou o fio, introduziu na tomada de energia, acionou o botão do estabilizador, apertou o da CPU e, magicamente, o monitor se acendeu.

 

 

*Publicado originalmente na coluna Ficções, caderno Tem!, do Oeste Notícias (Presidente Prudente – SP) de 14 de setembro de 2012.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MEMBROS DA COMISSÃO JULGADORA DO CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO - 2012


ADAUTO ELIAS MOREIRA

Professor, matemático, romancista, cronista e contista. Ex-secretário municipal de Cultura da Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP), docente no ensino fundamental, no ensino médio e no ensino superior, lecionou na Faculdade de Paraguaçu Paulista e na Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA). Ex-Delegado da Diretoria de Ensino de Paraguaçu Paulista. É autor do romance Os abismos de Caraguatá, laureado com o prêmio Lucilo Varejão do Conselho Municipal de Cultura de Recife/PE.

 

 

 

MARIA OTÍLIA FARTO PEREIRA

Graduada em Letras pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP – ASSIS/SP), instituição de ensino por onde concluiu seu mestrado e seu doutorado em Letras, analisando linguisticamente a obra do escritor Monteiro Lobato. Professora dos ensinos fundamental, médio e superior. Revisora, parecerista de periódicos científicos. Publicou artigos científicos. É autora de Júlia e a parada do pen drive dourado (Arte & Ciência, 2012).

 

 

 

RONY FARTO PEREIRA

Graduado, especialista, mestre e doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP – ASSIS/SP), instituição de ensino superior onde lecionou por mais de trinta anos e pela qual se aposentou. Recebeu a Menção Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil em 2005 e 2009. Publicou quinze artigos científicos, dezesseis capítulos de livros e organizou ou escreveu sete livros, entre os quais destacam-se Recortes da cidade (Arte & Ciência, 1997) e Narrativas Juvenis: outros modos de ler (Anesp, 2008), este último, em parceria com o professor João L. C. T. Ceccantini. Revisor, parecerista de revistas científicas, crítico literário. Orientou onze mestrados, sete doutorados e vinte e sete especializações (pós-graduação lato sensu).